Autarcas da Lezíria do Tejo unidos para exigir ao Governo que não abandone a região. Coruche, Salvaterra de Magos e Benavente pedem intervenções urgentes

29 Outubro 2020, 23:17 Não Por João Dinis

Os onze autarcas integrantes da Comunidade Intermunicipal da Lezíria do Tejo (CIMLT), nomeadamente, Almeirim, Alpiarça, Azambuja, Benavente, Cartaxo, Chamusca, Coruche, Golegã, Rio Maior, Salvaterra de Magos e Santarém, reunidos ao final desta quinta-feira, 29 de Outubro, em conferência de imprensa demonstraram o seu descontentamento para com o tratamento que a região está a ter por parte do Governo, sobretudo após a apresentação do Plano Nacional de Investimentos 2030 (PNI2030).

No PNI2030 já apresentado a região da Lezíria do Tejo é absolutamente esquecida, não sendo aqui aplicada qualquer verba ou investimento, considerando os autarcas que essa atitude por parte do Governo é uma falta de respeito para com a região, mas também fruto da desorganização em que a mesma se encontra, fruto de estar “encravada” entre duas Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR).
Se a estratégia administrativa é definida pela de Lisboa e Vale do Tejo, os fundos europeus são geridos pela do Alentejo, algo que José Veiga Maltez, Presidente da Câmara da Golegã, considerou como uma “situação bizarra”, isto porque os autarcas da Lezíria do Tejo votam para a CCDR de Lisboa e Vale do Tejo, mas não têm qualquer palavra na do Alentejo, de onde provêm os fundos para os investimentos na região.

Embora a maioria dos autarcas seja afecto ao PS, existiu total unanimidade entre todos, ao considerarem que o Governo tem que dar maior atenção à região, incluindo-a entre os próximos e imediatos investimentos, com especial destaque para a modernização da Linha do Norte, que passa por Santarém, sendo conhecidos os grandes problemas que ali existem, sobretudo com as barreiras, a Estrada Nacional 118 na Chamusca, que diariamente é atravessada por dezenas de camiões, muitos deles carregados de matérias perigosas, a Ponte Dona Amélia, que é utilizada diariamente por dezenas de agricultores, a travessia do Vale do Sorraia, que diariamente coloca nas ruas de Coruche dezenas de transportes pesados e porque não, também o novo Aeroporto e o desejo que fique no concelho de Benavente.

Entre os Presidentes dos municípios do Vale do Sorraia, mais uma vez existiu unanimidade, sendo mesmo do sul do distrito de Santarém de onde saíram as palavras de maior reivindicação, sendo para Carlos Coutinho, Francisco Oliveira e Hélder Esménio importantíssimo que o Governo aposte nesta região, cheia de potencial e que merece o apoio “de Lisboa”, seja através do PNI2030 ou mesmo através do recente Programa de Recuperação e Resiliência, “é preciso é que venha o investimento”, referiu Francisco Oliveira, Presidente da Câmara Municipal de Coruche.

Hélder Esménio – Presidente da Câmara Municipal de Salvaterra de Magos

Hélder Esménio, Presidente da Câmara de Salvaterra de Magos, começou por referir que este PNI apresentado pelo Governo, é tudo menos isento e equitativo, se assim fosse, a Lezíria do Tejo, que representa 5% do território nacional e 2,5% da população portuguesa, teria direito a, pelo menos, 1,2 mil milhões do plano total de investimento, o que este considera com o valor mínimo.

Para o seu concelho, Hélder Esménio considera como fundamental a reabilitação da Ponte Dona Amélia, que liga Salvaterra de Magos ao Cartaxo, não só pela utilidade diária que tem para os agricultores, que a utilizam para fazer a travessia do Tejo entre o Cartaxo e Salvaterra de Magos e vice-versa, como pela importância história que tem para a região, “é também importante preservar o património”, considerou.

Francisco Oliveira – Presidente da Câmara Municipal de Coruche

Francisco Oliveira, referiu que esta atitude do Governo devia preocupar todos, “pois é preocupante o abandono a que o Governo votou a região”, considerando que assim “é muito difícil combater a demografia, sem acessibilidades e boas vias de comunicação”.
O autarca de Coruche salientou que tinha grandes expectativas no PNI, sobretudo que voltasse a colocar na ordem do dia a travessia do Vale do Sorraia, com a construção do IC10, que possibilitaria a retirada do trânsito que diariamente faz a travessia das sete pontes de Coruche.

Carlos Coutinho – Presidente da Câmara Municipal de Benavente

É hora de dizer basta!”, Começou por referir Carlos Coutinho, autarca de Benavente, que num tom bastante corrosivo afirmou que “se não se fizer nada agora, podemos perder o comboio, pois um plano para dez anos é muito tempo…”, considerando que “não se pode perder mais tempo, tem que existir uma estratégia para a região”, referindo que esta atitude dos autarcas é mais que cada um defender o seu concelho, é defender toda uma região.

Carlos Coutinho referiu uma vez mais não entender a escolha com a localização do novo aeroporto, quando a opção pelo Campo de Tiro, é apontada pela esmagadora maioria dos portugueses e do sector da aviação como a melhor escolha.

De modo a que possam ser reivindicadas todas as necessidades e exigências da região, está já agendada uma reunião presencial com o Ministro das Infraestruturas e Habitação, Pedro Nuno Santos, a acorrer em meados do mês de Novembro.

Pedro Ribeiro – Presidente da Comunidade Intermunicipal da Lezíria do Tejo

Urgência em criar uma nova região administrativa

No entendimento dos autarcas esta situação foi também criada pela confusão administrativa criada pela forma como a região se encontra a ser gerida.
Administrativamente pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) de Lisboa e Vale do Tejo, sendo que os projectos são financiados pela CCDR do Alentejo, facto que os leva a pedir também a criação de uma nova NUT, ou divisão regional, de abrangência entre a Lezíria do Tejo, Médio Tejo e Oeste, inserida na NUT II, que tivesse não só fins administrativos, como também financeiros e que pudesse substituir a confusão existente entre Lisboa e Alentejo.

________________

_____________________

_____________________