“Não os queremos cá” e “a Junta tem o poder de ter o povo por trás” foram palavras de ordem dos cidadãos de Benavente que se reuniram com a Junta de Freguesia para debater a problemática da segurança com a comunidade cigana em Benavente

7 Julho 2020, 22:18 Não Por João Dinis

Não os queremos cá”, foi uma das palavras de ordem da população de Benavente, na reunião que teve lugar nesta segunda-feira, 6 de Julho, com a Junta de Freguesia de Benavente, sendo debatida a problemática da segurança, depois da comunidade cigana residente no concelho, ter criado alguns problemas com benaventenses, tendo sido as agressões do passado dia 20 de Junho, a Paulo Rebocho, empresário da restauração local, a fazer “explodir” verdadeiramente os populares.

Inês Correia, Presidente da Junta de Freguesia de Benavente começou por justificar a ausência do Comandante do Posto da Guarda Nacional Republicana (GNR) de Benavente, imposta pelo Comando Distrital da GNR de Santarém, que consideraram que não seria pertinente a sua presença num encontro com a população.

Após uma breve introdução a cargo da Presidente, onde esta demonstrou também a sua solidariedade para com os seus fregueses, bem como a preocupação que sente com a falta de efectivos na GNR local, que afecta directamente a segurança da população, esta deu a palavra aos populares, que dentro dos discursos anteriormente proferidos na Assembleia Municipal, demonstraram todo o seu descontentamento com a situação, reforçando mesmo os “poderes” da Junta de Freguesia, salientado ao executivo que “a Junta tem o poder de ter o povo por trás!”.

Um facto é que a união entre a população de Benavente contra esta situação é cada vez maior, se na Assembleia Municipal eram cerca de cem as pessoas que marcaram presença, agora nesta reunião foi praticamente o dobro da população que marcou presença na reunião, o que no entender da população atesta bem a união que está a ser gerada em nome da segurança.

Uma ala mais radical da população ameaça mesmo que se num futuro muito breve não for tomada uma posição por parte da autarquia e das forças de segurança, estes podem mesmo fazer justiça pelas próprias mãos.

No final o Notícias do Sorraia falou com a Presidente da Junta de Freguesia, Inês Correia, que nos referiu que este descontentamento, “é natural obviamente, nós quando nos sentimos com falta de segurança, inseguros, não direi ameaçados, mas quando efectivamente as situações que acontecem na Vila não são do agrado das pessoas, as pessoas têm que se manifestar e obviamente que cabe a quem foi eleito levar a quem de direito estas indignações e estas manifestações, e para isso que nós cá estamos.”

Inês Correia procurou também explicar à população, que esta reunião não iria servir para resolver o problema no imediato, pois uma Junta de Freguesia tem os poderemos muito limitados, facto que no seu entender pensa que ”as pessoas perceberam claramente que há limitações de funções de cada autarquia, a Junta tem obviamente as suas competências, umas mais limitadas, outras não, mas obviamente que sempre fez e continuará a fazer e a lutar obviamente por aquilo que são os direitos e garantia de uma melhor qualidade de vida, de tranquilidade e de paz que todos queremos, nós eleitos, a população e é por isso obviamente que a Presidente de Junta irá continuar a lutar, levando estas questões e para que o assunto seja resolvido, estes e outros, com a maior brevidade possível e dentro daquilo que poderá ser feito.”

Ainda que os poderes das freguesias sejam limitados, o executivo tem mantido conversações com a GNR, existindo um entendimento perfeito no reconhecimento dos problemas e limitações das forças policiais no concelho de Benavente, referindo ainda que além do Comando local, a Junta de Freguesia irá expor o caso a todas as autoridades competentes, “como expliquei, nós felizmente, eu na minha pessoa, tenho uma relação excelente com o Comandante do Posto de Benavente, é com imensa pena e pesar que ele não esteve cá, porque de facto não teve ordem superior para poder estar presente, contudo obviamente que nós iremos mais além, iremos a quem de direito, mais acima ainda, para que esta situação seja resolvida o mais rapidamente possível, sabendo todas as limitações do nosso país, até porque esta questão que aqui se falou de uma outra reunião que eu fiz e nada se resolveu, é porque efectivamente a Guarda Nacional Republicana provavelmente, e quem está acima, entende que os 22 efectivos são suficientes para a freguesia de Benavente. Mas não é só a freguesia de Benavente, é Santo Estevão e Barrosa, e desses 22 efectivos, não estão efectivamente os 22, há militares de gozo de licença de paternidade, militares de baixa… se nós fomos começar a decrescer e a retirar isto tudo, possivelmente temos 14 no activo e depois esta décalage grande que existe e de não haver nem forma de haver militares a pé, que era isso que nós mais desejávamos, de os ver na rua, e com grandes dificuldades também na questão do patrulhamento…

Questionada se a falta de meios, humanos e materiais afetam o serviço e prontidão da GNR, a presidente refere que, “como deve calcular é de uma impotência enorme nós querermos fazer e não termos meios para o fazer, isto também acontece na Junta de Freguesia, como em várias entidades, nós também gostaríamos de fazer muitas outras coisas, mas temos o orçamento que temos e temos que gerir da melhor forma aquilo que é de todos… não é da junta, nem da Presidente… é da população”, referindo que no caso do Comandante do posto da GNR de Benavente, “também lhe toca directamente outras questões e ele mais que ninguém, porque comanda o posto, sente essas necessidades e essas faltas na pele, porque não tem depois como responder e é isto que aconteceu e que acontece várias vezes, é que a patrulha quando é chamada a uma ocorrência em Benavente, está fora, ou teve que ir ajudar a patrulha de Samora Correia, por exemplo, e temos que esperar até de mais longe e isto é muito complicado e as pessoas indignam-se e não compreendem e têm toda a razão…”

Durante as interpelações da população foi possível observar alguns discursos mais radicais, que hoje em dia facilmente se ligam a algumas facções partidárias, havendo mesmo quem utilizasse máscaras com essa alusão, facto que a Presidente desvaloriza, revelando que está a fazer o melhor por todos os benaventeses, “não vou por questões politicas, nem por alas mais ou menos radicais, por mim são todos iguais, independem tente da cor politica que possam defender… isso a mim não me diz respeito, a minha função é cumprir com as minhas obrigações e para aquilo a que fui eleita, isto nem é assunto… cada pessoa manifesta-se da maneira como se manifesta e tem liberdade de expressão felizmente, vivemos num país democrático e portanto cada um é livre de se expressar da forma como entende…”

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